Quando a gente pensa que sabe todas as respostas,vem a vida e muda as perguntas

31
Jan 06
O benevolato num clube desportivo é um exercício de cidadania.
O voluntariado numa instituição privada de solidariedade social é um exercício de cidadania.
A participação numa associação de pais é um exercício de cidadania.
A militância num partido político é um exercício de cidadania.
Os exemplos multiplicam-se. A cidadania expressa-se em vários domínios e não é exclusivo da política. A maior parte da militância cívica é feita fora dos partidos políticos e não tem a política, em sentido estrito, como motivação essencial.
No rescaldo das eleições presidenciais este tema ganhou uma nova atenção com o desejo expresso por uma das candidaturas (Manuel Alegre) em transformar o seu “apoio eleitoral”num “movimento cívico dos cidadãos”.Não perceberam o resultado que obtiveram e sobretudo que o resultado, não serve para o que pretendem.
Na base deste movimento estão pessoas filiadas num partido político ( PS),que recentemente concorreram à sua liderança, de que se não desfiliaram e de quem pretenderam, de resto, obter o respectivo apoio para as eleições presidenciais. Não seguiram o partido porque este os não apoiou nos seus propósitos. Discordaram e zangaram-se. E a partir daí, com o resultado alcançado, rapidamente descobrem e teorizam sobre a importância da cidadania.
A reacção é perfeitamente legítima, mas a sua genuinidade está contaminada pela circunstância em que se desenvolve. Tudo resulta de um conflito interno a um partido político, como outrora havia sucedido com outros (PSD e ASDI; PCP e Política XXI;PCP e Renovação Comunista; CDS e Nova Democracia).O resultado é conhecido.
O interesse deste assunto está contudo na forma como se pretende legitimar o exercício de cidadania: algo que importa promover porque os partidos políticos deixaram de corresponder ao que deles se esperaria. É o resultado de uma concepção distorcida e pobre da democracia.
Esta análise só pode provir de quem na vida nunca imaginou a o exercício cívico para além da política e dos partidos políticos. Ou que pensa que a política é depositária da resposta a todos os problemas sociais. E por isso estão desencantados.
Independentemente do resultado desta iniciativa, coisa que para este comentário é irrelevante, o que se constata é que a desilusão com os partidos políticos (que só é descoberta quando as suas teses são vencidas) procure agora ser transportada para a sociedade civil com formas de organização cívica cimentadas por crises (passageiras ?) de identidade com os partidos políticos( ou com a sua liderança?).
Não há nenhum mal nisso, é certo. Mas é pura perda de tempo Passados alguns meses ninguém deles ouvirá falar.
Os partidos políticos continuarão a sua lenta mas inexorável modificação face aos novos desafios da política e o exercício da cidadania continuará, desejavelmente enriquecido, nos partidos políticos e em milhares de outras formas de organização da vida comunitária.
publicado por José Manuel Constantino às 08:53

30
Jan 06
No nosso país há um conjunto de pessoas que, digam o que disserem, têm imediata relevância no campo mediático. São as chamadas personalidades. Miguel Cadilhe é uma delas. Pode dizer uma barbaridade, ou uma vulgaridade, mas o país tem de o saber.
Miguel Cadilhe entende que é preciso dispensar 200.000 funcionários públicos. Por quê 200.000 e não 225.000 ou então 175.000?Deve haver uma razão para um número tão redondo. Como se chegou a ele? Provavelmente com uma regra de três simples. Se gastamos x com y para passarmos a gastar n então y tem de baixar. Mais coisa para lá e outra para cá eis a reforma da administração pública:redimensionar os recursos humanos, leia-se reduzir pessoal.
A reforma da administração pública é, de há muitos anos, um dos temas da agenda política. De quando em vez adquire mesmo estatuto de prioridade. Mas sem grandes resultados.
Seminários, conferências, livros, teorias, esquemas e sistemas explicam como se deve operar a dita. Existem mesmo especialistas e um instituto público para, entre outras coisas, tratar do assunto, o Instituto Nacional de Administração.
A pergunta que tem de ser feita, é esta: estando o tema tão estudado e debatido por que razão permanece por realizar?
A meu ver este debate tem um vício inicial. Parte para a solução do problema sem começar por enunciar e resolver uma questão que lhe é anterior: o que se pretende do Estado? Da resposta que se encontrar depende o essencial, da resposta a dar em matéria de administração pública.
A discussão tem estado, quase toda, circunscrita à questão de saber se existem ou não funcionários públicos a mais. Quando se afirma que existem funcionários públicos a mais e se estabelece como fundamento da tese, o rácio da despesa pública primária em encargos com pessoal e o produto interno bruto o que concluímos é que, comparativamente com outros países europeus produzimos pouco para a despesa que temos com a administração pública. É este exercício que leva Miguel Cadilhe a concluir que é preciso dispensar 200.000 funcionários públicos. Mas se perguntar a Miguel Cadilhe que exemplifique onde vai retirar aquele número de funcionários ele não sabe. Estima apenas quanto se reduziria em matéria de despesas com pessoal. É um exercício de contabilista, não é uma visão política do problema
Só saberemos se temos funcionários públicos a mais, depois de inventariarmos o que há para o Estado fazer e concluirmos que isso pode ser feito com menos recursos humanos. O resto é alimentar um equívoco ao deixar que a política seja comandada pela tecnocracia.
Quem tem experiência da administração pública sabe que, por vezes, existem sectores com excesso de pessoal e outros que apresentam carências; que, por vezes, as carências não são do domínio da quantidade de pessoas mas da sua qualificação; que recursos humanos em menor número mas com qualificações mais elevadas podem significar maior despesa.
Miguel Cadilhe alimenta nesta matéria um erro primário.

publicado por José Manuel Constantino às 09:09

29
Jan 06
O desenvolvimento dos meios de comunicação social tem permitido conhecer, até no preciso momento em que as coisas acontecem, muito do que se passa no mundo. Todos os dias vamos dando conta de alguns factos que revelam a inteligência e capacidade empreendedora do Homem, mas somos confrontados, também, com as situações de fome, de guerra, de terror, desencadeadas pelo mesmo Homem ou por fenómenos naturais. Não há dia sem notícias deste tipo mas o certo é que nos vamos habituando, aprendemos a viver com tais factos, vamos amolecendo e até somos capazes de tomar a nossa refeição enquanto desfilam pelo écran da TV alguns dos representantes dessa multidão imensa de deserdados do mundo. Já raramente nos emocionamos, vamos criando defesas para salvaguarda da nossa saúde mental. Provavelmente, até já temos dificuldade em perceber se é mesmo a realidade ou se é algo virtual.
Tenho para mim que estamos a perder a capacidade de nos indignarmos e de nos emocionarmos. E julgo que é preciso lutar contra isso. Quero continuar a indignar-me com o estado de infelicidade em que vivem muitos milhões de Homens e Mulheres nesta aldeia global. Quero continuar a emocionar-me com as alegrias e com as tristezas da vida. Recorro à música para continuar a emocionar-me - como pode alguém não gostar de música? - e hoje elejo Mozart, na passagem dos 250 anos do seu nascimento, e ouço peças de uma alegria contagiante, de uma intensa melancolia, de uma profunda tristeza. Calmamente, passearei, por exemplo, entre A Flauta Mágica e Eine Kleine Nachtmusik e, para me ajudar a manter a indignação perante a "barbárie", termino com o Requiem. Amanhã será um dia melhor.
publicado por José Manuel Constantino às 20:00

27
Jan 06
O cachecol é uma peça de agasalho que, nos dias frios, não dispenso. Protege e dá conforto, designadamente ao pescoço. Os cachecóis de lã pura são especiais. A textura é agradável ao toque, a macieza suave. E pode-se jogar com as cores para condizer com a roupa que se veste.
Não sei por que razão o cachecol me recorda uma viagem que fiz a Paris em Dezembro, faz mais de dez anos. Talvez pela diferença das temperaturas que obrigava a colocar e a tirar. A ser tão útil num momento e passar a ser incómodo logo a seguir. O frio do Jardim das Tulherias contrastando com ao ambiente aquecido do Metro. Ou a esplanada da Defense com o calor da sala de exposições da Torre( e onde numa exposição sobre os direitos humanos encontrei a fotografia de uma mulher fuzilada que muitos anos antes, me recrutara para o movimento estudantil clandestino :Cita Valles).São memórias que transporto sempre que penso em cachecóis. Adiante
Mas o cachecol é também, reconheço, peça de decoração estética. Não falo das mulheres. Nelas tudo é estético e nada é deixado ao acaso. Mas refiro-me aos homens. Por exemplo, quando se usa caído. Quando se usa mesmo que as condições de temperatura o não requeiram. Ou quando serve, apenas, para emprestar ao utilizador um certo estilo, tipo Garcia Pereira. Neste tipo de pessoas o cachecol tem o mesmo sentido que os suspensórios do Fernando Rosas, o laço do Nicolau Santos, os óculos do Pedro Abrunhosa ou a bengala do Vitorino de Almeida. Não são usados para o que foram pensados. É um uso desvirtuado.
O manuseamento do cachecol exige alguma perícia, se o objectivo não for colocá-lo, apenas, à volta do pescoço. Demorei tempo, até perceber como o Luís Figo fazia aquela espécie de nó à frente do pescoço. É uma técnica que requer um cachecol comprido que primeiro é dobrado ao meio, colocado ao redor do pescoço e depois as duas pontas entram na outra metade, ao género de nó de gravata. É indo buscar à técnica do nó de gravata, mas com uma só volta, que gosto de usar o cachecol. Colocá-lo à volta do pescoço e depois à frente passar uma ponta por trás da outra e deixa-lo cair de forma pouco apertada, mas aconchegadora.
Gosto de usar e de oferecer um cachecol. Gosto de o receber como prenda. Nos dias frios, como o de hoje, é uma companhia indispensável.

publicado por José Manuel Constantino às 09:11

Segundo estatísticas do Eurostat, os Portugueses são os maiores consumidores de antidepressivos na UE e também os mais inclinados à automedicação. Em complemento das facécias do Bocage que a série televisiva nos oferece, recordemos dois demolidores Epigramas que o poeta escreveu a respeito de doentes, médicos e medicinas:

(1)
Lavrou chibante receita
Um doutor com todo o esmero;
Era para certa moça
Que ficou sã como um pero.

«Tão cedo? É milagre!» (assenta
A mãe que de gosto chora).
«Minha mãe, não é milagre,
Deitei o remédio fora.»

(2)
Um homem rico, outro pobre
Grave moléstia prostrou.
Qual deles morreu? O rico,
que mais remédios tomou.

À atenção da Direcção Geral de Saúde.
publicado por José Manuel Constantino às 00:03

26
Jan 06
Até que enfim! Alguém, na Assembleia da República, levantou a voz e falou do exercício judicial segundo critérios de cidadania próprios de uma colectividade civilizada. A intervenção do deputado Duarte Lima sobre os atavismos autoritários e corporativos das magistraturas (em especial a do Ministério Público) enobrece o seu autor. A República dos Juízes leva ao despotismo justiceiro, uma variante perversa do fundamentalismo laico. Por que razão é o que os senhores magistrados julgam em causas e interesses próprios? Berlusconi pode ser tudo o que se queira mas, em Itália, as "mãos limpas" levaram a sujidade e a pele da democracia. Estamos num momento propício para nos vacinarmos contra essa virtude maléfica.
publicado por José Manuel Constantino às 23:47

Um bom cozinheiro é apenas uma pessoa que cozinha bem. Não é uma pessoa que leu muitos livros sobre cozinha ou que tem conhecimentos invulgares sobre a gastronomia mundial.
Um bom pescador é apenas uma pessoa que sabe como capturar o peixe. Não é necessariamente um licenciado sobre os oceanos ou sobre a arte das pescas.
Um bom mecânico é uma pessoa que conhece o funcionamento de uma máquina que sabe detectar-lhe as disfuncionalidades e é capaz de a arranjar em caso de necessidade. Não precisa, para isso, de ser um engenheiro. Os exemplos podem multiplicar-se para vários sectores de actividades.
Os conhecimentos que têm origem na leitura, no estudo, na qualificação profissional são irrelevantes? Pelo contrário, são indispensáveis, mas não são suficientes. Existem em todos os sectores de actividade, saberes práticos, que por força da sua exercitação constante, dão um conhecimento e um saber-fazer que tem um valor não desprezível.
Vivemos tempos de acelerada mutação em que o conhecimento assume um papel decisivo em matéria de desenvolvimento social. Saber mais torna-nos mais qualificados e mais competitivos. Esta constatação não invalida que se despreze o conhecimento empírico e o saber resultante da experiência feita.
Um país que necessita de acelerar o seu processo de desenvolvimento não pode desperdiçar, em alguns casos desprezar, os activos que constituem milhares e milhares de pessoas que em todos os ramos de actividade são depositários de saberes úteis ao desenvolvimento do país.
Essas pessoas, mais que discursos sobre a qualificação profissional, que as deixam muitas vezes descrentes das sua próprias capacidades, o que precisam é de incentivos que aproveitem o seu potencial de conhecimento e de experiência ao serviço da comunidade.
publicado por José Manuel Constantino às 13:06

25
Jan 06
Mais uma vez um Governo tenta aquela que é, em Portugal, a medida educativa mais difícil de implantar e, porventura, uma das menos populares: pôr o Sistema Educativo ao serviço da formação profissional.
Toda a gente reconhece que é precisa mais qualificação dos Portugueses. Acontece, porém, que à medida que aumenta o número de anos passados no Sistema Educativo, do 1º ciclo à universidade, o nível de qualificação média para as necessidades concretas desce.
As famílias querem dr's e, para isso, tudo investem na entrada dos meninos e meninas para a universidade. Em Portugal, a percentagem de estudantes do ensino secundário que vai para as universidades é superior, por exemplo, à da Dinamarca. Políticos, sindicalistas, associações de estudantes, famílias e outras respeitabilíssimas instituições escamoteiam este facto. Na Alemanha, mais de 70% dos alunos que terminam o ensino secundário (o Abitur), estão aptos para entrarem no mercado de emprego, mesmo que, em vez disso, sigam para as universidades. Ao invés, em Portugal, há licenciados que, por falta de emprego nas suas áreas de formação superior, vão para caixas de supermercado e espremem as meninges para fazer os trocos.
Independentemente de termos dr's a mais ou a menos, uma coisa é incontestável: ao longo de toda a educação e, de uma maneira especial, nos ensinos básico e secundário, não há uma educação para o trabalho. O trabalho como valor social está completamente ausente dos compêndios escolares. Não é mal visto - é que não chega sequer a ser visto. As milhentas comissões - de estudos, de programas, de reformas - que têm sido amamentadas pelos sucessivos Ministérios da Educação ocuparam-se da educação para a saúde, da educação ambiental, da educação sexual, da educação para a cidadania. Só que se esqueceram deste elementozinho basilar da cidania - o trabalho.
É por isso que os jovens ambicionam cada vez menos um "emprego das 9 às 5", preferindo, como forma superior de trabalho coisas mais pós-modernas como a "organização de eventos" e ofícios correlativos.
Isto é assim porque não há trabalho?
É mentira, pois há milhares de jovens brasileiros a trabalhar em Portugal, enquantos os Portugueses da mesma idade estão ou pretendem estar na universidade.
Isto é assim porque que não há uma atitude fundada na valorização social do trabalho.
Se a acção educativa não instilar este valor nos estudantes, bem podem os ministros da Educação abrir escolas ou vias profissionalizantes. Ninguém as quer. Brrr!
publicado por José Manuel Constantino às 13:36

Sempre disse que a vida não está fácil para os homens. Um artigo científico publicado no Journal of American Medical Association e citado na edição de hoje do jornal Público confirma que já houve dias melhores. Agora, descobriram que a disfunção eréctil, termo científico para designar aquilo que antigamente se conhecia por um outro nome, é um indicador de risco de doença coronária.
A palavra dos cientistas não deixa margem para quaisquer dúvidas.Estamos perante um problema sério. Afirmam que a disfunção eréctil está relacionada com uma deficiente resistência física e com um esforço cardíaco acentuado. E,não satisfeitos, ainda aconselham o que deve fazer com os homens. Dizem eles, chamando a isso a boa notícia, que a disfunção sexual pode fornecer pistas para a presença futura de doenças cardíacas. E, vai daí, sugerem que os médicos, nas suas consultas, comecem por dirigir aos clientes perguntas sobre ao modo como corre a sua vida sexual.
As perguntas não são difíceis de imaginar, mas as respostas vão ser um tormento. Já não bastava a falta da dita. Agora é o coração que também sofre e não satisfeitos ainda querem que revelemos como fazemos a coisa.
Como diz o povo, um mal nunca vem só.
publicado por José Manuel Constantino às 09:56

24
Jan 06
A propósito da notícia publicada há dias num diário nacional – e que percorreu todos os noticiários televisivos – acerca dos 2 milhões de portugueses que vivem com menos de 350 euros por mês e sobre a desigualdade na repartição da riqueza, vale a pena ver o trabalho do economista Eugénio Rosa, publicado em http://resistir.info/.
Com base em dados do Banco de Portugal, Eugénio Rosa mostra a evolução dos salários e dos resultados de exploração (os lucros) das empresas entre 1970-1995 e, contrariamente aos discursos de alguns quadrantes intelectuais e políticos, a relação entre as duas variáveis é cada vez mais injusta. Em 1995, mais injusta até – pasme-se! – do que nos anos de 70/73: os salários vão representando uma percentagem cada vez menor do PIB, ao passo que os lucros das empresas não têm parado de subir, com excepção dos dois anos do PREC.
Pouco sei de economia mas, se os dados de 1995 apresentam uma disparidade de 35% vs 39,6% (salários vs lucros), não nos podemos admirar com a notícia relativa à situação em 2006. Hoje, parece-me, estamos pior. É que, para além da “crise” instalada e da incapacidade de gestão deste país por parte de governantes e empresários, o modelo económico assente no liberalismo (com nova roupagem) e a conhecida globalização, não dão tréguas. Só alguns têm lugar neste processo. Os outros, que se cuidem. E são cada vez em maior número: os que dispõem de poucas ou não necessárias qualificações para a economia de hoje; os deficientes; os velhos; aqueles a quem o mercado teima em não dar a primeira oportunidade para mostrarem o que valem…ou, talvez, os nossos filhos, essa nova geração que aí está, qualificada, à espera que uma porta se abra.
Com tanto pobre neste país, com as desigualdades a acentuarem-se cada vez mais, quem nos acode?? Se “não há almoços grátis”… (onde é que li isto? Em Hayek? Em Friedman? Ou foi numa página nacional?...), como comem os dois milhões de portugueses que só têm 350 euros por mês???
publicado por José Manuel Constantino às 19:53

Janeiro 2006
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Autor: JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
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