Quando a gente pensa que sabe todas as respostas,vem a vida e muda as perguntas

28
Abr 06

“O anterior governo transformou todos os altos cargos da função pública em cargos de natureza partidária.Esse não é um bom caminho”.

O anterior governo referido nesta afirmação era o governo do PSD.O autor da declaração foi o secretário-geral do PS,José Sócrates.

O então secretário-geral do PS que estava, e bem, contra a nomeação de altos cargos da função pública por critérios de natureza partidária é hoje primeiro-ministro. Como primeiro-ministro fez precisamente o que então criticara. E, para que não houvesse quaisquer dúvidas, legitimou essa prática com um diploma onde os altos cargos da função pública cessam funções com a cessação do Governo que os nomeou.Com esta medida ganha a transparência de todo o processo.Mas perde o país.

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publicado por José Manuel Constantino às 08:24

27
Abr 06

O “eduquês” foi uma expressão criada por Marçal Grilo para caricaturar o discurso redondo de muitos agentes e responsáveis educativos. “Eduquês” em discurso directo, é um livro onde um professor, Nuno Crato, passa em revista as”teorias” em voga no sistema escolar e que ajudaram à desqualificação do acto de ensinar.Um libelo acusatório à moda do “ensino centrado no aluno” e às pedagogias que partem dos interesses dos alunos. Um livro que me fez recuar aos tempos de ensino e  ao experimentalismo  que a escola portuguesa começou a viver por volta dos anos oitenta .

Oa programas eram (e muitos ainda o são) verdadeiras agressões à cultura e ao conhecimento feitas em muitas circunstâncias por quem nunca deu aulas; os valores e as competências (abstractas) valiam mais que os conhecimentos adquiridos; as reuniões de avaliação um verdadeiro sofrimento onde se falava muito e dizia pouco e vigorava o príncipio do consenso maioritario,coisa que nunca nimguém soube explicar o que fosse;as directivas do ministério um exercício absurdo; os regulamentos de escola um extenso repositório de regras completamente inconsequentes que não serviam para nada e um  exemplo perfeito da confusão que se instalou.

Resultado: nunca se soube tanto como ensinar e nunca se aprendeu tão pouco!

publicado por José Manuel Constantino às 08:38

26
Abr 06

O arquivamento, em virtude da ausência de prova que fundamentasse acusação, de dois dos  processos do caso conhecido como Apito Dourado, em que eram arguidos,  entre outros, Jorge Nuno Pinto da Costa e Valentim Loureiro, merece  três comentários:

Primeiro: é uma clara derrota para o Ministério Público e para quem dirigiu esta investigação e que ao longo do processo foi alimentando o espectáculo mediático com constantes fugas de informação.

Segundo: é uma derrota para uma comunicação social que, ávida de queimar na praça pública figuras públicas, já tinha antecipado a condenação nunca se interrogando sobre a veracidade, rigor e consistência da prova vertida para o processo.

Terceiro: o condicionamento da opinião pública foi atingido e de modo irreparável para os envolvidos. Como falta de prova não significa ausência de crime o julgamento está feito e a condenação atribuída: não conseguiram acusá-los o que,apesar de tudo, é diferente de estarem inocentes. Os próximos tempos vão dizer se estamos ou não enganados.

 

publicado por José Manuel Constantino às 08:40

25
Abr 06

 

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo

                     Sophia de Mello Breyner Andresen

 

 

publicado por José Manuel Constantino às 08:06

24
Abr 06

 Boletim Económico de Primavera do Banco de Portugal demonstra que as metas definidas pelo Governo em matéria de controlo sobre a despesa pública não estão a ter os resultados esperados. Pior ainda: a situação agravou-se particularmente com a despesa pública primária o que revela que o anunciado propósito de só permitir a entrada de um novo funcionário público com a saída de dois (e que uma parte da administração pública não cumpriu e outra ludibriou com avençados) não teve quaisquer efeitos na redução da despesa. Mais: a despesa é hoje maior que o era há dois anos atrás.

Os portugueses pagam cada vez mais impostos, parte significativa dos quais continuam a servir para suportar o funcionamento do próprio Estado que resiste a qualquer medida de redimensionamento e de redução dos seus custos de funcionamento. 

 

 

publicado por José Manuel Constantino às 08:36

23
Abr 06

A historiografia portuguesa não parece gostar muito do tema. Mas foi ha precisamente 500 anos  que, em Lisboa, a intolerância religiosa da Inquisição  incentivou e comandou o assassínío de milhares de judeus.Um acontecimento trágico que convém nunca esquecer.

publicado por José Manuel Constantino às 21:47

21
Abr 06

Já não bastava a falta de quorum em véspera das mini-férias. Agora é o voto electrónico que não funciona ou funciona mal. Amanhã será, porventura, o debate semântico sobre o designado "quórum dinâmico" na expressão do presidente Jaime Gama,que, se bem ouvi as suas palavras, pode evoluir(?) aumentando ou diminuindo ao longo da sessão parlamentar. As coisas não estão a correr bem aos nossos parlamentares e acontecimentos aparentemente ocasionais,um sistema electrónico que falha,transforma-se num caso político que não ajuda à credibilização do parlamento.Não seria de os diferentes grupos parlamentares em vez de aproveitarem estes incidentes para o confronto político, pararem parar pensar um pouco sobre o modo de restituir dignidade e qualidade ao trabalho parlamentar?Será que não alcançam que este tipo de acontecimentos os atinge a todos e não apenas o partido A ou B?Será que não entendem que com uma agenda mediática que vive deste tipo de "fait-divers" tem no comportamento de muitos parlamentares os melhores aliados pelas piores razões?

publicado por José Manuel Constantino às 08:29

20
Abr 06

É cíclico.Com causa próxima ou distante, doutrina-se sobre os clubes de futebol profissional. Se são ou não, viáveis.Os exemplos internacionais.Se existem ou não clubes a mais As medidas que são necessárias. As soluções miraculosas. E, invariavelmente, opina-se sobre o que Estado deve fazer. O Estado, essa entidade abstracta que, supostamente, estaria acima dos interesses em confronto e possuiria uma razão iluminada e superior capaz de colocar em ordem a economia do futebol.

Poucos, dizem o que tem de ser dito.

Primeiro: globalmente, o endividamento dos clubes de futebol é estrutural e não existem medidas de saneamento financeiro que consigam equilibrar uma indústria que gasta mais do que recebe.

Segundo: sem mercado, como dizia Marx, o dinheiro não se transforma em capital. Mas o mercado pode sucumbir às suas próprias contradições. Os exemplos já cá chegaram.

Terceiro: o empobrecimento de muitos clubes profissionais tem sido conseguido à custa do progressivo enriquecimento das suas estruturas de topo (Federações, Ligas, UEFA,FIFA ).

Quarto: a economia do futebol internacionalizou-se e não existem soluções nacionais.

Quinto: o Estado só tem a ganhar em abandonar a ideia de que pode regenerar a economia do futebol que, como qualquer outro negócio, deve ser tratado com atenção e sentido de responsabilidade, mas sem qualquer paternalismo.

publicado por José Manuel Constantino às 08:51

19
Abr 06

A morte como mercadoria para servir o espectáculo mediático e o negócio da conquista de audiências..O sentimento e a dor transformados em matéria de programação televisiva. Verdadeiramente indecoroso.

publicado por José Manuel Constantino às 12:39

Uma sociedade de acentuados contrastes sociais é uma sociedade de clivagens.Essas clivagens têm várias formas de se expressar e uma delas é o da crítica aos privilégios, designadamente aos que se consideram socialmente injustos.A crítica ao corporativismo alimenta-se deste caldo.

Só isso pode ajudar a explicar que a investida da actual equipa do ministério da educação contra os professores tenha sido bem recebida. Existe uma ideia, falsa mas existe, de que os professores têm privilégios excessivos. Mas a boa recepção não significa problemas resolvidos.

Quem tem filhos na escola ou está profissionalmente ligado às questões do ensino sabe que a função da escola e a missão dos professores –o de ensinarem- não melhorou como resultado de qualquer medida da actual equipa governativa.O pensamento que hoje predomina no ministério é de uma aliança entre o mais puro cinzentismo e   uma tecnocracia que se casou com as novas tecnologias e das quais esperam que aconteça o milagre do conhecimento.

Quem trabalhava bem continua a fazê-lo.Quem trabalhava mal, mal continua. Não se estimulam os primeiros, nem se censuram os segundos. Mas há uma coisa que o ministério conseguiu: descredibilizar, ainda mais, a imagem social do professor através de medidas de correcção de aparentes “privilégios indevidos”.E isto tem permitido o experimentalismo educativo em nome da “mão de ferro” sobre os professores

A medida agora adoptada pelo secretário de estado da educação de, a meio do ano, mandar regressar ás escolas centenas de professores que por motivos de saúde foram colocados por decisão do mesmo ministério em outras escolas com o argumento de “ausência de enquadramento legal”- justificação sempre apresentada de quem não usa a cabeça para pensar o que é melhor para o país e se encosta “à norma legal”- é o exemplo de que a arbitrariedade tem como inspiração e baliza a “norma legal”.Mas não existe naquele ministério ninguém com bom senso e que impeça que antes de se tomar uma decisão  se avalie o que é melhor para o o país ,para o ensino, para as escolas e para os  professores atingidos?Será que é crime ou vergonha pensar nas pessoas antes de se curvarem parente as “normas”?Mas governar não é  alterar as “normas” por outras que se ajustem às necessidades do País? Não é para isso, entre outras coisas, que existe um secretário de estado?

publicado por José Manuel Constantino às 08:45

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Autor: JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
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