Quando a gente pensa que sabe todas as respostas,vem a vida e muda as perguntas

26
Jul 06

Para que exista um exame nacional sobre uma determinada disciplina é indispensável que a matéria seja previamente definida e conhecida dos que se candidatam a esse exame. Se existe um exame único ele só pode incidir sobre um programa único. Sucede que a esmagadora maioria das nossas disciplinas que são sujeitas a exames nacionais não foram construídas para serem objecto da avaliação de conhecimentos sobre a forma de exames. Por outro lado e respondendo ao modismo das ciências da educação o grau de criatividade dos professores é indeterminado. Temos por isso não um programa único para um exame nacional mas vários programas adaptados pelos vários professores. Se esta confusão não fosse suficiente temos as “reformas”essa alquimia onde o experimentalismo pedagógico e a asneira se casam em nome da qualificação e da modernização do país. O resultado está à vista. E não é bom.

publicado por José Manuel Constantino às 10:22

21
Jul 06

A vida pública é ingrata. Instituições e personalidades com a maior das facilidades enlameiam publicamente gente séria. Usam o poder de fogo que têm e lançam na comunicação social o opróbrio sobre as suas capacidades e competências. Aproveitam a vantagem que advém da força e do peso das instituições que os acolhem e em nome das quais falam.Sabem que a resposta nunca consegue ser dada de forma equivalente. Não pretendo comentar o que só conheço pela comunicação social: a análise positiva a um jogador de futebol do Benfica. Mas do que li e ouvi incomodou-me ao ponto de ter de dizer o seguinte. O Director do Laboratório que procedeu às análises, Luís Horta, é só o português mais prestigiado em termos internacionais em matéria de luta antidopagem. Se Portugal tem o que tem nesta matéria deve-o, em muito, à competência, à seriedade, ao profissionalismo e à dedicação deste homem. O Presidente do Conselho Nacional Antidopagem, Luís Sardinha, é um prestigiado académico reconhecido nacional e internacionalmente, um homem sério e respeitado na comunidade   científica a que pertence. Os membros do CNAD são pessoas que há longos anos exercem com competência e profissionalismo as suas funções. Não me pronuncio sobre a questão de fundo porque a não conheço com os detalhes indispensáveis a uma matéria de tão grande melindre.. Não tomo sequer partido sobre a natureza das diferentes decisões. Tomo partido pela defesa das pessoas. Pela defesa do seu bom   nome e da sua honorabilidade.

publicado por José Manuel Constantino às 10:32

20
Jul 06

Falar do aumento do número de funcionários públicos, como hoje o revela a comunicação social e dai concluir que afinal de contas o Estado “não emagrece”, é falar apenas de uma parte do problema: o dos funcionários públicos. Mas é esquecer que uma parte, ainda significativa, da despesa da administração pública com pessoal é consumida com contratos individuais de trabalho, contratos a termo certo e aquisições de serviços (recibos verde) que não são “funcionários públicos” e portanto não estão contabilizados nos números hoje divulgados.Casos existem na administração central onde baixou o número de funcionários públicos mas aumentou o número de "avençados". Muito do “emprego” no Estado está escondido com outras designações. Conheceremos os verdadeiros resultados da política de contenção da despesa com pessoal quando os números de todas as situações de “emprego” forem conhecidas.Até lé o que se conhece é uma parte do problema.

publicado por José Manuel Constantino às 12:07

19
Jul 06

António Vitorino perante a bronca dos exames disse aquilo que qualquer pessoa minimamente informada diria da Ministra da Educação. A senhora teria de explicar o que se passou. O que a Ministra então disse, com um ar de grande enfado, não ajudou. Já sabemos que o partido socialista é um partido plural e que as opiniões são livres. Mas isso já não faz qualquer diferença. Hoje, sendo preciso, todos os partidos são plurais e as opiniões livres. O problema é outro. É política pura e dura, com óbvios prejuízos para estudantes e famílias. Muito trabalho pela frente vão ter os diferentes assessores de comunicação do governo de modo a repararem os danos causados. Até porque as asneiras vão acontecer em catadupa. O caso da contratação directa de professores é apenas mais um exemplo. Mas muitos outros ,sobretudo no 1º ciclo do ensino básico já se anunciam. E derrotados que sejam os sindicatos junto da opinião publica o que vai valer é a competência e a qualidade das políticas.

publicado por José Manuel Constantino às 15:16

18
Jul 06

Sexo e caracol o que têm em comum? Aparentemente pouca coisa, salvo o de serem, no caso dos caracóis um óptimo petisco e no do sexo um exercício que se pratica com características regulares e sistemáticas. Mentes mais brejeiras dirão que ambos são óptimos petiscos. O que ainda está nos limites do socialmente aceitável. Mas se ultrapassarmos este limiar de aparência e desafiarmos as profundezas do tema constatamos que aquilo que os une é afinal muito mais. Senão vejamos. Têm um festival que se realiza no mesmo fim-de-semana. Atraiem milhares de visitantes cujo comportamento indicia estarem cheios de fome. Todos os anos utilizam novas atratabilidades e cada vez mais insólitas. Neste fim-de-semana no festival do caracol era a pizza de caracóis ou a coentrada de caracoleta e no festival do sexo (impropriamente designado de erótico) a grande atracção era a Sonny Baby que conseguiu meter e tirar (para tirar teve que meter…) vinte metros de correntes de um local tradicionalmente identificado com outros usos e funções! E em ambos se aprendem coisas úteis. No festival dos caracóis fica-se a saber que o segredo está na origem do mesmo e na lavagem. Sexualmente falando parece que são hermafroditas ou seja dão para os dois lados. No do sexo entre outras coisas mais bizarras aprende-se que biscoito não é sexo duas vezes e que coitado não é pessoa vítima de coito. Sexo e caracóis é o que está a dar na era do pós-mundial o que permite uma revisão em alta (para utilizar a linguagem do Banco de Portugal) do indicador de optimismo dos portugueses. Coisa que o professor Marcelo, esse adivinho dos tempos modernos, deixou passar o que, seguramente, não vai acontecer com o  historiador Vasco Pulido Valente. É que, de um momento para o outro, Portugal fez a síntese entre o rústico e o urbano, entre a tradição (do caracol saloio) e a modernidade (do comércio do sexo). Para quando um festival único caracol-sexual? Aqui deixo a sugestão ao empreendedorismo das nossas gentes.

publicado por José Manuel Constantino às 10:00

17
Jul 06

Não é só na Região Autónoma da Madeira que se financia o desporto profissional. É uma pouco por todo o País, sobretudo ao nível do poder local. Na Madeira faz-se às claras o que no resto do País se pratica de modo camuflado e com outras designações. Mas o destino é idêntico: compor os depauperados orçamentos das equipas profissionais através de dinheiros públicos. E não é só no futebol. Todos incumprindo o que enquadramento legal obriga. E nem a administração pública central ao longo dos anos escapa a esta prática. Muito desporto profissional foi objecto de apoio financeiro. E também não foi só o futebol. A proibição do financiamento público à prática profissional do desporto está prevista desde 1991 (decreto-lei nº 432/91). A proposta de lei de bases da actividade física e desportiva, nesta matéria, limita-se a dar superior dignidade normativa passando o que estava num decreto-lei a estar numa lei. No plano substantivo não há qualquer inovação. A reacção de Alberto João Jardim à proposta de lei de bases é por isso de estranhar nos termos e argumentos com que está a ser feita. Mas tem um mérito: combate politicamente o que não concorda enquanto que outros, fazendo exactamente o mesmo que se pratica na Madeira, optam pelo silêncio. E podia ter outra vantagem que, infelizmente, não acreditamos que venha a ter: lançar o debate político sobre qual deve ser papel do Estado no apoio à prática profissional do desporto. O que se tem feito está longe de poder ser factor de desenvolvimento e sustentabilidade desta dimensão da prática desportiva. E o enquadramento normativo já demonstrou que se não ajusta à realidade. Para quê insistir?

publicado por José Manuel Constantino às 10:47

14
Jul 06

José Sócrates diz que aprende com Cavaco Silva e que tira muita utilidade pessoal e política dos contactos que com ele mantém. É natural. O Presidente da República tem experiência governativa e dedicou uma parte significativa da sua vida profissional ao estudo de matérias que pela sua natureza são úteis a quem exerce funções de governação. Surpresa, a haver, apenas no facto de José Sócrates assumir publicamente que aprende com esse contacto. E porque assim é, digo eu, José Sócrates está mais preparado para o exercício das funções em que está empossado. Trocado por miúdos significa que Cavaco Silva tem sido útil a José Sócrates que o mesmo é dizer ao Governo, o que é positivo. Curioso é que aquele com quem hoje José Sócrates aprende e lhe é útil pessoal e políticamente é precisamente o mesmo que Augusto Santos Silva, Ministro dos Assuntos Parlamentares, acusava, no início do ano, de se preparar para com a sua eleição ”“fazer o que seria um verdadeira tentativa de golpe de estado constitucional”.As voltas que a política dá!

publicado por José Manuel Constantino às 14:42

13
Jul 06

A sociedade portuguesa vive com insistentes sinais de uma deriva autocrática e autoritária que só à esquerda (ou pelo menos em seu nome…) é permitido. Fosse um governo de direita a fazê-lo e caíam “ o Carmo e a Trindade”.Os Serviços de Finanças decidiram publicar a lista dos cidadãos incumpridores jogando com os sentimentos mais baixos e censórios da espécie humana. Quem não pagou, a tempo e horas, vai ter o seu nome escarrapachado numa lista pública para ver se tem vergonha e se cumpre as suas obrigações fiscais! Eu do Fisco e das Finanças acompanho o José Pacheco Pereira:”quero a publicação de duas listas negras e não de uma só. Quero a dos contribuintes em falta para com o Fisco, e quero a do Fisco em falta para os contribuintes. Em bom rigor deveríamos ter uma lista permanente das dívidas do Estado aos seus concidadãos para se perceber até que ponto o Estado não dá o exemplo que exige aos outros. E também quero responsabilidade na elaboração das listas, penalizações claras para os serviços que cometam erros, meios rápidos e drásticos para redimir informações falsas que afectem o bom-nome dos cidadãos”(in Abrupto) .

 

publicado por José Manuel Constantino às 11:31

12
Jul 06

O artigo do código IRS que permite a isenção do pagamento de imposto sobre prémios de competições desportivas atribuíveis em certa circunstâncias ( três primeiros lugares em disciplinas constantes do programa olímpico e respeitantes a competições de Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo e da Europa) ou da obtenção de recordes do mundo e da Europa em disciplinas individuais olímpicas respeita apenas a prémios atribuídos pelo Governo. Não contempla prémios que sob a forma de complementos remuneratórios sejam atribuíveis pela entidades patronais ou pelas federações aos praticantes desportivas. Bastaria para isso, ao Governo e aos distintos fiscalistas que se pronunciaram conhecer a lei e responder nos termos da mesma. Mas nesta matéria, governo, fiscalistas e presidente da federação e do sindicato esgrimiram razões políticas ignorando a lei e deixando passar a ideia, que é falsa, que existe uma norma que adicionada a vontade política permitiria isentar de pagamento de IRS aquele tipo de remuneração.

publicado por José Manuel Constantino às 11:05

11
Jul 06

O mérito individual ou colectivo deve ser reconhecido, elogiado e celebrado. Não por qualquer razão de foro psicológico explicável pela necessidade de elevar os níveis de auto-estima, mas porque a excelência e a qualidade devem ser motivo de reconhecimento e exemplo social. O desporto não é excepção e por isso parece-me natural que uma comunidade vibre com o sucesso desportivo de um seu atleta ou de uma sua selecção. E, no caso do futebol, por razões históricas e culturais, mais motivos encontro para que assim suceda. Não obstante esse reconhecimento há sempre um risco, tanto maior quanto se encontra associado à gestão de emoções que assentam em factos efémeros, de uma narrativa e dramatização excessivas( e por isso potencialmente de risco) ao  se procurar associar o sucesso desportivo ao sucesso político da nação. O que ontem se passou em França e em Itália ( e que provavelmente aconteceria em Portugal em caso de vitória) indicia que a relação do futebol com a política e com a pátria é de uma intimidade preocupante porque é excessiva e porque está muito para além do gosto pelo desporto e da admiração pelos seus feitos.

publicado por José Manuel Constantino às 10:21

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Autor: JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
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