Não é fácil conviver com a situação de ex-Presidente da República. Não estando diminuído ou limitado nos seus direitos cívicos manda a prudência e o bom senso que a sua actividade política evite matérias ou temas aos quais, enquanto Presidente, esteve ligado. O que havia para fazer ou dizer foi dito ou feito enquanto Presidente. Se não apreciou esta ou aquela atitude teve tempo e oportunidade para o censurar. Jorge Sampaio prefere um outro caminho. Deixa censuras ao ex-Procurador Geral da República o que por toda a razão que lhe assista não assenta bem e é deselegante atendendo a que até final do seu mandato mereceu-lhe a respectiva confiança política. O que é estranho, porque por princípio, não se critica publicamente quem nos é merecedor de confiança. E em jeito de ameaça avisa que “talvez um dia escreva o que foram estes últimos dez anos, em matéria de justiça”. Será que aos portugueses não foi revelado algo tão importante sobre a justiça que mereça, tempos depois, a sua divulgação pública?