Quando a gente pensa que sabe todas as respostas,vem a vida e muda as perguntas

31
Jan 07

Como no futebol também os negócios da banca têm árbitros. Mas árbitros que gozam de uma tolerância distinta. E aqui a banca ganha claramente ao futebol. O que seria do futebol se numa competição um dos árbitros fosse um antigo alto funcionário de uma das equipas? Na banca ninguém questiona que assim suceda nem se põem em causa a isenção e idoneidade de quem arbitra. E assim é possível ver a arbitrar o conflito BCP/BPI um antigo quadro deste último banco, à frente do Banco de Portugal. Uma diferença mais: o que vale um jogo de futebol é peanuts com o que vale a OPA do BCP sobre o BPI.É tudo natural para uns e inaceitável para outros.

publicado por José Manuel Constantino às 12:33

30
Jan 07

É uma boa notícia a de que se vão iniciar as obras de construção do metro a ligar a Gare do Oriente ao Aeroporto da Portela com conclusão prevista para 2010.Mas é uma notícia que peca por tardia e agora a más horas. É que com a saída em 2017 do aeroporto daquele local o investimento de 216 milhões de euros vai ter um tempo de aproveitamento de apenas sete anos. A menos que se pense já no que vai suceder ao local. E aí o anunciado troço do metro encherá de júbilo os vários interesses imobiliários decorrentes do pós-aeroporto. Tudo bem não fosse a empresa concessionária da obra ser uma empresa pública.

publicado por José Manuel Constantino às 11:04

29
Jan 07

Se fosse possível parar de imediato o debate sobre o próximo referendo seríamos poupados a um desgaste para o qual não há paciência. E não perderíamos tempo e energia a tentar perceber o Marcelo Rebelo de Sousa que vota Não, porque é contra a criminalização das mulheres, às oito, dez, quinze, vinte ou trinta semanas. Perceberam ? É certo que o debate e a controvérsia são o oxigénio de sociedade democrática mas cansa, e em alguns caso magoa e fere sentimentos, os termos em que se está a debater uma matéria que só é política porque criminaliza uma determinada prática mas que no essencial remete par uma esfera de natureza íntima, ética ou religiosa. O modo com tudo está a correr só favorece a abstenção o que, no caso vertente, é uma forma de potencial impasse ao não tornar vinculativa qualquer situação referendada com menos de metade dos eleitores.

publicado por José Manuel Constantino às 11:25

26
Jan 07

Durante muitos anos clamou-se quanto à inexistência de educação física no ensino primário. Este passou a chamar-se 1º ciclo do ensino básico e a educação física lá vinha nos programas com a designação, à moda dos academismos de então, de expressão físico-motora. Os professores que supostamente leccionariam a disciplina seriam  os professores do ensino básico com especialização na variante de educação física formados pelas escolas superiores de educação. Mas na posse dos respectivos diplomas e pouco satisfeitos com a função que lhes estava destinada logo arranjaram maneira, com a conivência de governos de vários tons, de  migrarem para os outros graus de ensino e deixarem por preencher as funções para que foram formados. Esta orientação  teve duas consequências: as crianças no 1º ciclo do ensino básico continuaram sem educação física  com orientação especializada e o contingente de professores das escolas superiores de educação veio criar desemprego no mercado da educação física escolar nos restantes graus de ensino. Algumas Câmaras Municipais minimizaram o problema do 1ºciclo com programas de apoio específicos para as crianças em regime de escolaridade.  Mas o que  era pouco, mas alguma coisa, agora não é nada. Acabou sem que, aparentemente, ninguém se queixe com o desaparecimento do que havia de educação física no 1º ciclo do ensino básico. As Câmaras Municipais foram convidadas a assumirem responsabilidade nas actividades de complemento curricular e ao fazê-lo abandonaram naturalmente as actividades curriculares. O que em algumas escolas havia para todos e como actividade obrigatória passou a haver para alguns como ocupação facultativa. Complementar seria acrescentar, mas foi substituir. O complemento curricular é um logro porque simplesmente não há actividade curricular de educação física.

publicado por José Manuel Constantino às 09:55

25
Jan 07

Um bom objectivo não é garantia segura de um bom projecto. Depende da forma, dos critérios, das circunstâncias e da relação de pertinência que estabelece com outros objectivos. Encontrar uma meio de distinguir os professores que na escola devem ser apresentados e valorizados como referência é um objectivo positivo. Criar, para esse objectivo, um prémio pecuniário ao melhor professor do ano é uma palermice. Não apenas pelo modo como se estrutura a candidatura -propostas das escolas ou de grupos proponentes de cinquenta professores -o que diz a experiência permite avaliar a qualidade redactorial do fundamento das propostas e não o trabalho efectivo dos propostos, como o momento escolhido é o menos indicado atendendo ao grau de conflitualidade e desgoverno que passa pelo sistema de ensino e que exigiria outras prioridade políticas. Mas como podemos estar enganados e os resultados pretendidos serem atingidos, a bem do país, sugerimos que o exemplo seja adoptado para eleger o melhor enfermeiro do ano, o melhor engenheiro, a melhor auxiliar de acção educativa, o melhor médico, o melhor funcionário público, o melhor magistrado, o melhor polícia, etc. E podia-se mesmo, no final, criar uma cerimónia tipo “Óscares de Portugal” que se ganhasse honras de transmissão televisiva, o que não é difícil, seria a cereja sobre o bolo. A altura seria de resto a ideal para anunciar ao país os resultados dos inquéritos aos jovens sobre o comportamento sexual dos pais. E porque não dos ministros que autorizam estes inquéritos? Será que não é possível distribuir um pouco de bom senso e de equilíbrio para os lados da 5 de Outubro ?

publicado por José Manuel Constantino às 10:38

24
Jan 07

Um velho juiz, já falecido, afirmava com regularidade que “quando a política entra pela porta dos tribunais a justiça sai pela janela”.Todos os dias somos confrontados com novos casos, parte dos quais é espuma debaixo da qual se jogam interesses, posições, disputas de mando e de território das várias facções que se confrontam no interior dos operadores e poderes judiciais. O termómetro do que por aí se passa está bem presente nas tomadas de posição pública dos sindicatos respectivos. Só o facto destas corporações entenderem que a suas obrigações sociais e profissionais são passíveis de organização sindical diz bastante do que entendem dever ser a sua missão de serviço público. O modo como intervêm politicamente na vida publica, para o qual não estão mandatados e a coberto de tratarem de questões de foro profissional, revela como fazem política por outros meios. A democracia criou um sistema que ela própria deixou de controlar. E o resultado está á vista. O caso de Torres Novas ,dos megaprocessos,do incumprimento do segredo de justiça são apenas sinais de um tempo de quebra progressiva da confiança do cidadão na justiça. É um novelo de uma verdadeira novela.Como ontem escrevia no Diário Económico, Pedro Adão e Silva”quando tiver um problema com a justiça e, se for inocente, não confie no funcionamento da justiça. O melhor que tem a fazer é fugir”. O que não deixa de ser aterrador para uma sociedade onde as pessoas se deviam sentir protegidas por quem tem de administrar a justiça.

publicado por José Manuel Constantino às 14:35

23
Jan 07

Manhã de segunda-feira numa escola do Concelho de Oeiras. Uma turma do 9º ano aguarda a chegada do novo professor de educação física que substituirá o anterior recentemente aposentado. Que entretanto não chega porque não houve tempo de proceder à nova colocação. Para que os alunos não fiquem sem aulas avança um professor disponível na escola. É o professor de português. Porque está frio e o ambiente não é climatizado surge envolto num casaco tipo sobretudo. Assim se mantém até final da aula. Senta-se e aguarda que os alunos se "organizem". E eles organizam-se. Uns vão jogar futebol, outros badminton, outros correr e alguns fazer saltos de trampolim. O professor continua sentado. Os dos saltos fazem mortais simples e duplos, baranis e piruetas. Tudo práticas de elevado factor de risco. O professor de português continua sentado e aplaude. A aula termina. Para o ministério de educação este recreio com presença de professor é uma aula de substituição. Para o Miguel Sousa Tavares uma medida que obriga os professores a trabalhar, coisa que, no entender dele, eles não querem. Não houve qualquer acidente. Mas se ocorresse de quem era a responsabilidade de organizar saltos de trampolim sem supervisão e sem segurança? Exemplos deste tipo são conhecidos um pouco por todo país e animam o anedotário nacional de muitos professores a propósito das aulas de substituição. Pergunto: não existe ninguém no ministério da educação com a autoridade de parar com esta patetice que para além do mais no caso vertente, foi perigosa? Não existe no ministério da educação ninguém com bom senso de perceber que nas aulas de substituição o professor substituto deve apenas leccionar a disciplina para o qual está preparado e não a disciplina do professor substituído?

publicado por José Manuel Constantino às 10:05

22
Jan 07

Sobre o chamado cordão dunar e a acção do mar não percebo nada. Mas percebi ao longo das últimas semanas que, na Costa da Caparica, enquanto os especialistas do Instituto da Água defendiam com aparente confiança e credibilidade a solução de descarregar umas toneladas de areia para suster o impacto das marés, os não especialistas, mas com muitos anos de contacto com o mar, diziam que o que estava a ser feito não servia o pretendido. Não sei,  no curto prazo, se havia solução alternativa. Mas há quantos anos se conhece este problema? A preia-mar desta madrugada, infelizmente, deu razão aos não especialistas. E o bar que se mantinha em equilíbrio instável no topo da falésia ruiu. E o dinheiro gasto, em areia, em horas de trabalho e em equipamento foi com a maré.De quem é a responsabilidade?

publicado por José Manuel Constantino às 10:59

19
Jan 07

A mais elementar das prudências  deveria ter aconselhado a cidadã Maria José Morgado a não participar numa sessão partidária e  a defender uma da opções do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. No plano ético-legal a questão de ver um elemento do ministério público a envolver-se num debate partidário não é saudável. Censurar publicamente a ordem normativa que lhe cabe, por enquanto, garantir, é pouco compatível com as funções públicas que exerce. Mas bastaria ter presente a carga mediática que transporta para perceber que o que fez foi uma enorme imprudência política. É certo que Maria José Morgado aprecia e cultiva o protagonismo público como está abundantemente demonstrado. É certo também que o grau de tolerância que é dado a certo tipo de personalidades públicas o não é a outras. E neste caso, para a cidadã em causa, parece ser mais pernicioso para o regime democrático a presença de magistrados nos órgãos jurisdicionais das federações desportivas que a presença de elementos do ministério público em iniciativas partidárias a defender uma das partes. Penso precisamente o contrário.

publicado por José Manuel Constantino às 14:07

18
Jan 07

Uma pessoa culta, com elevada qualificação académica e profissional que usa com rigor a língua na sua dimensão oral e escrita mas que não domina os procedimentos informáticos e o  uso do computador pode ser considerado um ileterato? Pacheco Pereira acha que sim e ontem (Quadratura do Cículo- SIC Notícias) assim classificou o Procurador –Geral da República que terá reconhecido a sua incapacidade de utilização das ferramentas informáticas .Mas o mesmo Pacheco Pereira que apesar de ser um leitor compulsivo de jornais não sabia (ou não quis reconhecê-lo?) quem era o Luisão que foi apanhado com excesso de álcool numa operação de trânsito prova duas coisas: que o talento e a inteligência quando servidos pela arrogância e pela presunção correm o mesmo risco do bom azeite quando a mistura de vinagre é excessiva,anula o melhor. Mas não só.Com a abrangência do conceito de literacia(muito para além da capacidade de apenas ler e escrever) é possível,aplicando  o raciocínio de Pacheco Pereira,que a iliteracia se aplique a literatos.E ,a ser assim,  nem o próprio consegue escapar quando tem de abordar algo que diga respeito ao desporto.

publicado por José Manuel Constantino às 10:32

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Autor: JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
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