Um bom objectivo não é garantia segura de um bom projecto. Depende da forma, dos critérios, das circunstâncias e da relação de pertinência que estabelece com outros objectivos. Encontrar uma meio de distinguir os professores que na escola devem ser apresentados e valorizados como referência é um objectivo positivo. Criar, para esse objectivo, um prémio pecuniário ao melhor professor do ano é uma palermice. Não apenas pelo modo como se estrutura a candidatura -propostas das escolas ou de grupos proponentes de cinquenta professores -o que diz a experiência permite avaliar a qualidade redactorial do fundamento das propostas e não o trabalho efectivo dos propostos, como o momento escolhido é o menos indicado atendendo ao grau de conflitualidade e desgoverno que passa pelo sistema de ensino e que exigiria outras prioridade políticas. Mas como podemos estar enganados e os resultados pretendidos serem atingidos, a bem do país, sugerimos que o exemplo seja adoptado para eleger o melhor enfermeiro do ano, o melhor engenheiro, a melhor auxiliar de acção educativa, o melhor médico, o melhor funcionário público, o melhor magistrado, o melhor polícia, etc. E podia-se mesmo, no final, criar uma cerimónia tipo “Óscares de Portugal” que se ganhasse honras de transmissão televisiva, o que não é difícil, seria a cereja sobre o bolo. A altura seria de resto a ideal para anunciar ao país os resultados dos inquéritos aos jovens sobre o comportamento sexual dos pais. E porque não dos ministros que autorizam estes inquéritos? Será que não é possível distribuir um pouco de bom senso e de equilíbrio para os lados da 5 de Outubro ?