Quando a gente pensa que sabe todas as respostas,vem a vida e muda as perguntas

16
Fev 07

O estatuto e a respeitabilidade de muitos cargos de natureza pública requerem reserva e discrição. A sua constante exposição aos tempos  e às regras da sociedade mediática degradam a imagem que  se cria a respeito das pessoas que exercem essas funções. Não passa uma semana em que a comunicação social não seja palco das polémicas que envolvem os vários operadores de justiça. Dos seus amores e dos seus ódios. Das sua decisões e das polémicas que suscitam. Alguns rivalizam com outras figuras que regularmente ocupam o espaço comunicacional. Ensaiam-se as primeiras crónicas sobre as suas histórias de vida. Disputa-se a sua presença em colóquios, conferências e lançamentos de livros. Tornaram-se um novo nicho do mercado de tudo quanto é mídia. É indisfarçável a atracção que o espaço mediático sobre eles exerce e a irreprimível tentação de participar na rave da democracia. Parte desses novos justiceiros procuram recuperar o tempo perdido na militância política e partidária à volta dos amanhãs que cantam ou do país do sol nascente. Fazem política, de que só formalmente se afastaram, por outros meios. O poder político assiste a tudo isto com complacência e,debilitado como está, receia  ser acusado de interferir na “autonomia” dos diversos poderes judiciais. Tudo funciona em regime de roda livre e as várias corporações fazem política sem que para o efeito estejam mandatados. A situação nada tem nova. Chega ao nosso país, como é habitual, apenas com algum atraso. Mais cedo ou mais tarde a festa da exposição mediática apresentará os respectivos custos. E vai mostrar-nos  que de um lado não há só virtudes e qualidades e do outro defeitos e perversidades. E desfazer a ilusão, para quem a tem, de que quem a administra a justiça tem uma suposta superioridade moral e ética sobre os políticos e outras figuras públicas. Essa é uma vantagem da actual situação. Mas melhor seria que assim não fosse. É que é uma vantagem que só penaliza o poder de quem administra a justiça e por arrasto a democracia e o estado de direito.

publicado por José Manuel Constantino às 10:41

Fevereiro 2007
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Autor: JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
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