Para além dos efeitos que uma greve tem sobre a parte da população atingida, a restante, que é a maioria, constrói a sua opinião a partir do que os meios de comunicação, em particular a televisão, lhe transmitem. Há uma greve vivida e uma greve noticiada que não são necessariamente coincidentes. As primeiras horas da manhã são decisivas. E por isso governo e centrais sindicais dedicam uma particular atenção a “ganhar” a frente da “greve” que são os noticiários. A habitual guerra dos números explica que para o governo e para as centrais sindicais o importante são o número de grevistas .O mais importante passa ao lado: existem ou não razões para inflectir ou alterar as políticas que estão na origem dos protestos. O governo e as centrais sindicais deveriam deixar a discussão sobre qual foi a dimensão da paralisação de ontem e discutirem as politicas económicas, as políticas de emprego e de direitos sociais dos trabalhadores. Ontem o governo aparentemente ganhou e as centrais sindicais aparentemente perderam. O único que verdadeiramente não ganhou foi o país. Isto deveria preocupar o governo e as centrais sindicais independentemente de quem julga que ganhou ou que perdeu.