Quando a gente pensa que sabe todas as respostas,vem a vida e muda as perguntas

31
Mai 07

Para além dos efeitos que  uma greve tem  sobre a parte da população atingida, a restante, que é a maioria, constrói a sua opinião a partir do que os meios de comunicação, em particular a televisão, lhe transmitem. Há uma greve vivida e uma greve noticiada que não são necessariamente coincidentes. As  primeiras horas da manhã são decisivas. E por isso governo e centrais sindicais dedicam uma particular atenção a “ganhar” a frente da “greve” que são os noticiários. A habitual guerra dos números explica que para o governo e  para as  centrais sindicais o importante são o número de grevistas .O mais importante passa ao lado: existem ou não razões para inflectir ou alterar as políticas que estão na origem dos protestos. O governo e as centrais sindicais  deveriam deixar a discussão sobre qual foi a dimensão da paralisação de ontem e discutirem as politicas económicas, as políticas de emprego e de direitos sociais dos trabalhadores. Ontem o governo aparentemente ganhou e as centrais sindicais aparentemente perderam. O único que verdadeiramente não ganhou foi o país. Isto  deveria preocupar o governo e as centrais sindicais independentemente de quem julga que ganhou ou que perdeu.

publicado por José Manuel Constantino às 11:46

30
Mai 07

Um juiz defendeu que violar um menor de 13 anos é menos grave do que quando a vitima tem 5 ou 6 anos. Por esta ordem de ideias, violar uma mulher adulta, será ainda menos grave. E um idoso? Ai este Portugal em que vivo!

publicado por carla cristina rocha às 11:15

Um pai dá dinheiro a um filho adulto ou um irmão a outro irmão e a partir de 500 euros tem de proceder a uma declaração fiscal. Um convidado para um casamento que entrega como presente um donativo monetário passa a ter de proceder de igual modo. Alguém chamou  a estes absurdos coscuvilhice fiscal e chamou muito bem. Mas não é apenas um acto de bisbilhotice alheia. É também um sinal mais de uma atitude concentracionária do Estado que vigia e controla a vida pessoal do cidadão em domínios que deveriam ser do campo exclusivamente privado. É a história do João Silva que Pacheco Pereira tão bem romanceava na sua crónica de sábado no Público. Não resta outra solução do que abandonar a transferência bancária ou o  cheque. Ofertas ou doações só em dinheiro. Não regressamos ao tempo de o guardarmos debaixo do colchão apenas porque hoje as alternativas tecnológicas são  outras.

 

publicado por José Manuel Constantino às 11:00

29
Mai 07

O melhor do Público de hoje  é, sem sombra de dúvida, a imagem da capa... morde, fere, é profundamente incisiva. E mesmo que dolorosa é, ao mesmo tempo, bela e romântica. Ali está estampado o AMOR pleno, apesar da morte. A mim, dilacerou-me e deixou-me estática a olhar minutos sem fim... E uma boa fotografia é aquela que, depois de a vermos, nunca mais somos o s mesmos! E esta é uma boa fotografia.

publicado por carla cristina rocha às 14:46

De acordo com um estudo hoje divulgado, a administração pública portuguesa leva, em média, 152,5 dias a pagar as dívidas que contrai. Portugal apresenta neste domínio o pior resultado da totalidade dos países da União Europeia.Com esta atitude se lesam as empresas, a economia, o emprego e o país. E não são apenas problemas de tesouraria e de ausência de liquidez das instituições do Estado que explicam este incumprimento. Parte desta atitude relapsa tem a ver com regras e procedimentos administrativos que alimentam uma cadeia de burocratas em nome de um suposto rigor e controle públicos. O resultado está á vista. Num governo que instituiu a delação, pública e anónima, como método de investigação do incumprimento cívico, deve aplicar a si aquilo que tem feito aos outros: publicar a lista de quem são as entidades públicas que não cumprem os prazos de pagamento das dívidas que contraem.

publicado por José Manuel Constantino às 10:15

28
Mai 07

Gosto de Lisboa. Se calhar gosto, porque desenvolvi o gosto quando, vinda de uma aldeia perdida em Trás-os-Montes, ‘desaguei’ frente ao Campo Pequeno, ruborizado de cor de tijolo e vi vidas aceleradas a sugarem-me na passagem apressada de um lado para outro. A descoberta de Lisboa fi-la num acto contraditório de uma aldeia que necessitava de esquecer; gostei dos prédios onde a vizinha da porta ao lado era uma desconhecida, em vez dos mexericos da aldeia, onde se cataliza a vida dos outros. Gostei da individualidade, do desconhecido, do cheiro do Tejo. Gostei do gosto de aprender e da multiplicidade dessa aprendizagem ao virar da esquina, quando na aldeia tinha de esperar horas pelo único autocarro que me levaria a outras paragens; gostei de descobrir o fast–food, para hoje não o suportar e gostei do cinema que ainda hoje não existe na cidade da Régua. Gostei tanto de tudo, que suguei Lisboa como quem suga um batido gelado em pleno Verão. Gostei de cada vez que aterrei no aeroporto da Portela logo após parecer que o avião iria pisar as Amoreiras. Gostei de Lisboa o suficiente para aguentar sem espírito de sacrifício, os carros sob os passeios, o trânsito barulhento, as ruas sujas, a bestialidade de encontrões de tantos nos passeios, o gingão dos taxistas, o barulho dos vizinhos a horas proibidas. Ainda hoje gosto de ir a Lisboa, ao Quarteto, comer uma fatia de bolo que só o quarteto tem e ver um filme naquelas salas com cheiro a mofo; ainda hoje gosto de ir passear ao Chiado impessoal, e ficar absorta de tanto tipo de gente; Esmoreceu meu amor por Lisboa, mas ainda gosto muito dela. E, se calhar, gosto de Lisboa porque não vivo lá.

publicado por carla cristina rocha às 17:12

Não gosto de Lisboa e só lá vou por obrigação. As circulares externas que permitem que se viaje sem ter de entrar e sair de Lisboa foram uma dádiva dos deuses. Esforço-me por encontrar beleza nas colinas ou um especial encanto na luminosidade da cidade. Mas o meu esforço não é compensado. Há dezenas de cidades ou mesmo vilas de Portugal que ganham nessa comparação. Acho que Lisboa perde com o Porto , com o Funchal, com Viseu, com Aveiro ou com Évora só para dar alguns exemplos. Não encontro em Lisboa algo que não possa dispor em outras terras portuguesas com outro conforto e qualidade de vida. Tenho pena que o Solar dos Presuntos seja em Lisboa mas paciência. Costumo dizer a brincar que quem, por necessidade, trabalha em Lisboa deveria receber um subsídio de risco pela incomodidade causada. Como não gosto de Lisboa aprecio quem se dispõe, por amor a Lisboa, a administrar os seus destinos. Não é por falta de amor e de candidatos que Lisboa não renascerá. Lisboa está a demonstar que, em política, se não vive uma crise de vocações tantos são os disponíveis e os interessados.

publicado por José Manuel Constantino às 09:46

25
Mai 07

A reforma da administração pública é um tema que mobiliza qualquer governo e o actual não foge a essa regra. Confesso que ainda não percebi qual é o paradigma da actual reforma para além do que é obvio: gastar menos com o pessoal. Mas isso é pouco para ser uma reforma. E para o concretizar não são precisos tantos estudos, comissões ,livros brancos ,seminários e estruturas de missão. Basta entregar o caso a um contabilista. Sai mais barato, demora menos tempo e acima de tudo é mais transparente. O que se passou com o sistema de avaliação dos funcionários públicos (SIADAP) um verdadeiro pesadelo e o que se está a passar com os mecanismos do novo sistema remuneratório revelam a mais completa ignorância daquilo para que deve servir o Estado, da natureza do trabalho da administração pública e do experimentalismo a que o país e a administração públicas estão entregues.Todas as semanas há novidades(?).É  de temer, uma vez mais, a asneira à solta.

publicado por José Manuel Constantino às 11:47

22
Mai 07

 “José Vítor Malheiros assina hoje uma crónica, no Público, sobre as piadas em torno da licenciatura de Sócrates onde afirma, na linha de Vasco Pulido Valente e outros, que a suspensão do professor de Inglês foi “um insulto à democracia, à liberdade”. Mas é um insulto bem criterioso. Quando, há umas semanas, Mário Lino suscitou a gargalhada geral numa plateia de centenas de pessoas (e sim, também estava “dentro do tempo de serviço”) chamando a si a condição de engenheiro civil “inscrito na ordem dos Engenheiros”, a reacção pública de Sócrates e seus muchachos terá sido apenas um sorriso amarelo”.

Joana Amaral Dias,in Bicho Carpinteiro

publicado por José Manuel Constantino às 12:39

21
Mai 07

O que me causa perplexidade não é o facto de uma zelosa funcionária dos bons costumes ter mandado instaurar um processo disciplinar a um professor que há cerca de vinte anos exercia funções na Direcção Regional de Educação do Norte a propósito de uma anedota,contada em privado, sobre a licenciatura de José Sócrates. Excesso de zelo ou abuso de poder sempre existirão. Em sim mesmos, num quadro democrático, não são uma ameaça às liberdades públicas. São apenas um sintoma de autoritarismo. A protagonista do caso, a Directora Regional, já deu sobejos exemplos de que adora mostrar quem manda. O problema é outro. É que não se tratando de um delegado sindical, nem de um professor ligado às organizações de esquerda, mas de um ex-deputado do PSD, os partidos de esquerda   optaram por um cúmplice silêncio. O que está mal. As liberdades não podem ter um valor ideológico.

publicado por José Manuel Constantino às 11:43

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Autor: JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
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