A restauração dos grandes grupos financeiros à volta da banca, após o período das nacionalizações, foi feita, em parte, com uma clara concubinagem do Estado carente de quem conseguisse alavancar a economia do país. E gozou sempre de um clara atitude de subserviência da generalidade da comunicação social, que, com a privatização, foi cair nos braços de grupos económicos, eles próprios com interesses na banca. Após o sismo que abalou o BES bastou que tivessem chegado à mão de um accionista do BCP elementos comprometedores para agitar as águas. Presumo que sobre essa matéria a procissão ainda não saiu do adro. Aguardemos. Para já a possibilidade de o maior banco privado poder ser dirigido por quem dirigia o banco público não responsabiliza apenas o Estado. Revela o sentido de oportunidade dos accionistas: o de aceitarem uma solução que agrada ao poder político. E dá-nos a verdadeira estratégia dos nossos capitalistas: não fazer ondas a quem governa e se possível fazer-lhe as vontades.