Li há uns tempos na comunicação social que o governo britânico nomeara uma ministra para a forma física (fitness minister). Caroline Flint de seu nome.Com a sua nomeação o governo britânico pretendia lutar contra os níveis preocupantes de obesidade e esperava que, com as medidas a adoptar - um programa diário de actividade física para a população - os britânicos se tornassem pessoas mais saudáveis. “Fui nomeada à frente de um cargo que tem como objectivo estudar, junto a outros Ministérios, quais as políticas que podemos implementar para melhorar a qualidade da saúde da população", explicou. O que está correcto atendendo a que o sedentarismo tem causas multi-factoriais e a sua diminuição está muito para além da simples promoção da educação física ou do desporto como infelizmente é muitas vezes entendido e, em muitas situações, comercializado.
A qualidade de vida, e com ela a saúde não pode ignorar as determinantes sociais e ambientais em que muitos grupos sociais habitam, trabalham e vivem. Em países com elevados indicadores de pobreza o desenvolvimento económico é indispensável para que se alcancem padrões de bem-estar. E em cada país a qualidade de saúde das pessoas está relacionada com o seu padrão de vida. Em média, os mais ricos tendem a ser mais saudáveis e mais felizes que os mais pobres. Não há forma física se houver pobreza. Dito isto nada a criticar nos propósitos da nova ministra.
Elegante e charmosa, a fazer fé nas fotografias, Caroline Flint, não prescinde da prática regular de actividades físicas orientadas para a saúde. Vai, por isso, falar e apelar ao que faz. Nem podia ser de outro modo. A promoção da leitura não pode ter como referência alguém que não lê. A promoção da luta anti-tabágica alguém que fuma.Com a actividade física, com o exercício e com o desporto passa-se o mesmo. Em Portugal, por exemplo, o índice de sedentarismo dos portugueses baixaria significativamente se todos quantos dizem o que os outros devem fazer, começassem eles próprios por fazer. Até porque não há palavras que valham um bom exemplo.
Publicado na edição de hoje do Primeiro de Janeiro