A mais elementar das prudências deveria ter aconselhado a cidadã Maria José Morgado a não participar numa sessão partidária e a defender uma da opções do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. No plano ético-legal a questão de ver um elemento do ministério público a envolver-se num debate partidário não é saudável. Censurar publicamente a ordem normativa que lhe cabe, por enquanto, garantir, é pouco compatível com as funções públicas que exerce. Mas bastaria ter presente a carga mediática que transporta para perceber que o que fez foi uma enorme imprudência política. É certo que Maria José Morgado aprecia e cultiva o protagonismo público como está abundantemente demonstrado. É certo também que o grau de tolerância que é dado a certo tipo de personalidades públicas o não é a outras. E neste caso, para a cidadã em causa, parece ser mais pernicioso para o regime democrático a presença de magistrados nos órgãos jurisdicionais das federações desportivas que a presença de elementos do ministério público em iniciativas partidárias a defender uma das partes. Penso precisamente o contrário.