No 25 de abril de 74 houve vários 25 de Abril. O dos que conspiraram. O dos que ajudaram os que conspiraram. O do povo que se associou ao ato. E tudo o que começou a partir do momento em que Marcelo Caetano não quis entregar o poder a Salgueiro Maia e tiveram de ir buscar o general Spínola.Contrariamente a uma certa displicência, com que comentadores e cronistas tratam o tema, a narrativa do processo democrático então iniciado, está muito para além da motivação inicial do golpe militar. Um certo folclore associado à data permitiu que durante anos ela fosse sequestrada para comemorar não o máximo denominador comum –a liberdade- mas para questionar o mínimo divisor comum -os resultados da democracia. Só isso pode explicar que o presidente da Associação 25 de Abril possa dizer que a Assembleia da República já não representa os portugueses.