Quando a gente pensa que sabe todas as respostas,vem a vida e muda as perguntas

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A burocracia vive de rituais. Um deles é o das reuniões. É uma espécie de missa. E como os burocratas são muito religiosos praticam-na com assiduidade e várias vezes ao dia. Têm hora marcada para começar,o que nem sempre é respeitado, mas não têm para terminar. Mantem-se assim ocupados numa parte do seu dia de trabalho. A partir de determinado momento as reuniões são mais importantes que o motivo que as convoca. Para alguns ter um dia de muito trabalho é ter passado o tempo em reuniões. Normalmente ninguém se interroga sobre os indicadores de produtividade ou sobre a relação do tempo gasto com o resultado alcançado. Ou se não seria possível obter os mesmos resultados como menos reuniões e menos horas em reunião.

Se no setor privado a situação tem algum controlo no setor público é, no geral, de total descontrolo. Reúne-se por tudo e por nada. Não se preparam as reuniões. Não se sabe como conduzir as reuniões. As conclusões nem sempre são claras. Muitos estão nas reuniões e não abrem a boca, salvo para bocejar. E muitas vezes sai-se das reuniões com a sensação de tempo perdido. Mas a saga continua. Horas, dias, anos são passadas em reuniões.

Os burocratas vivem do poder e da autoridade sobre este tipo de rituais obsoletos. Alguns estão sempre em reunião. É difícil falar com eles. Papeis para a frente e papeis para trás. Mails e fotocópias são o seu espaço lúdico. Obedecem sempre a uma estrutura organizacional geométrica e elegantemente definida. E qualquer assunto resolvido precisa de horas de reuniões antecedidas de despachos invariavelmente “à consideração superior”. Há mesmo setores da administração pública-onde se vive as reuniões em regime permanência. Entra – se de manhã e sai-se à tarde sempre em reuniões. Quanto custa ao país, as reuniões? Ninguém sabe.

Naturalmente que não passará pela cabeça de ninguém acabar com as reuniões. Mas deveria passar pela cabeça de muitos reduzir o seu número e o tempo de duração. O que só é possível se reduzir a complexidade do ato de decidir e melhorar o desempenho organizacional. Baixar custos com as organizações é também simplificar métodos de trabalho libertando as pessoas para mais tarefas. E ocupando-as menos tempo em muitas outras. Por exemplo, em reuniões.

 

Texto publicado hoje no Primeiro de Janeiro

publicado por José Manuel Constantino às 10:35

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Autor: JOSÉ MANUEL CONSTANTINO
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